segunda-feira, 6 de junho de 2011

Entre o amor e a dependência

   - Você voltou!
   - Sim.
   - Mas não foi por mim.
   - Não.
 Ela nem precisava ter perguntado, pois já sabia a resposta. Não era tão difícil assim de sabê-la , era o óbvio depois de tudo que havia acontecido.
 Pedro estava mais lindo do que nunca. Seus cabelos pretos estavam curtos e brilhavam sedosos. Sua boca vermelha estava mais chamativa do que jamais estivera. Apenas seus olhos castanhos que estravam estranhos, vazios, como ela nunca tinha visto antes. Mas ainda assim, aos olhos de Caroline, ele era perfeito.
   - Ela precisa de mim Carol, de uma forma que você nunca precisou.
   - É isso que você deseja? Alguém que dependa de você ao invés de te amar?
   - Você não entenderia.
   - Não Pedro, eu realmente não entendo essa sua lógica.
   - Me desculpa Carol, mas é assim que vai ser.
 É eu sabia que ele havia voltado pela Alice e ela realmente precisava dele.
   - Tudo bem. Ela precisa de você e não é atoa que no exato momento em que você foi embora ela caiu em ruínas. E me culpou sabe Pedro? Ela colocou a culpa em mim, dizendo que você se foi, por minha culpa.
   - Bem, ela não está completamente errada. Eu fui embora em um ato de covardia, e acho que só você não notou.
 Realmente eu não havia notado que eu era o motivo do Pedro ir embora, não até receber uma carta dele, um mês depois de tudo. Mas ato de covardia? Eu não classificaria assim.
   - Ato de covardia? Por que?
   - Eu nunca tive coragem de me declarar pra você, não pessoalmente, em anos de amizade. Você é forte, decidida e independente. Por isso eu nunca me declarei. Você não precisa de mim. Nunca precisou e acho que não vai precisar.
   - Realmente Pedro, eu sou assim, mas sou porque o mundo me fez assim. Eu não preciso de cuidados ou de alguém que me proteja 24 horas por dia, mas diferentemente do que você pensa, eu sou um ser humano como qualquer outro. E assim como ser humano eu necessito de carinho, amor e compreensão.
 Olhei para ele e vi que seus olhos estavam marejados. Eu já chorava, sentindo a dor de perder alguém que sequer havia sido meu.
   - Eu acho Pedro que você é essa pessoa para mim, a minha pessoa certa. Eu achei desde a primeira vez que pus meus olhos em você.
   - Carol... E por que toda essa pose de concreto?
   - Questão de sobrevivência.
   - Te entendo. Mas, e a Alice?
   - Bom Pedro, ela é um problema só seu. Faz parte da sua escolha, do rumo que você quer dar na sua vida.
   - Sei. Bem, no fundo eu já havia feito a minha escolha, mas a minha eterna covardia me proibiu de ir a frente e encarar o que o meu coração deseja.
   - Posso saber o que é?
   - Sim. Você, Carol, precisa de mim da mesma forma que eu preciso de você. Entre nós não há dependência, só amor. Isso para mim é o suficiente. Sei que passei anos querendo te proteger e afastar de tudo que pudesse te fazer mal, mas não é essa minha função em sua vida. Minha função é te amar, da forma mais pura que existe em meu coração. Isso é o que realmente importa. Nosso amor.

 Realmente o amor é mais importante que a dependência. O amor é saudável, faz bem e completa a alma, quando é encontrado de forma verdadeira. E o amor basta.

P.S.: Créditos da Imagem

Nenhum comentário: